3 de dezembro de 2012

26. DESLUMBRANTE




Acordei antes das meninas, olhei pra elas que estavam em sono profundo; a Gabi ainda estava com toda a maquiagem e a Bia com seus cachos todos desmanchados, a noite deveria ter sido boa.
Tomei banho e me arrumei, elas ainda estavam dormindo e não acordariam tão cedo. Desci e comi um pão, fiquei andando pelo hotel e colocando as idéias em dia...
O que será que esta acontecendo pra minha família ficar preocupada, espero que hoje o Mike saiba de alguma coisa pelo Joseph.
Também tenho que falar pra eles sobre o Mike, será que eles ficaram muito preocupados? Acho melhor avisar primeiro a minha mãe e a Alice, pelo menos.
Quando eu voltei pro quarto, as meninas estavam meio acordadas, com muita cara de sono.
-Bom dia. – eu disse animada
Bianca esfregou os olhos, a Gabi bocejou demoradamente.
-Que horas são? – a Bia perguntou
-Onze.
-Ahh, ta cedo! – Gabi se jogou na cama e fechou os olhos, eu ri e a sacudi.
-Não tá não! Vai, vamos aproveitar nosso único domingo aqui!
A Bia se levantou, se alongou, me deu um beijo no rosto e foi tomar banho.
Eu continuei sacudindo a Gabi até ela finalmente resolver levantar, quando ela entrou no banho, fui falar com a Bia.
-Eu vou à festa, hoje! – disse animada, enquanto ela enxugava o cabelo.
-Sério?! Ai, que legal... – ela me parecia tão animada quanto eu. – Já sabe que vestido vai?
- Tava procurando uns ontem. – eu me levantei e peguei os dois vestidos que tinha separado e os - coloquei na cama.
A Gabi saiu do banho.
-Você vai á uma festa? – ela analisou os vestidos na cama.
-Sim. Por quê?
-Hum... Seus vestidos são lindos, mas eu tenho um que ficaria perfeito em você!- ela abriu seu armário e mexeu nas roupas. – Achei. – e colocou na cama seu vestido, era azul marinho, em um tecido brilhante, de frente única e era acima do joelho.
-Nossa... – a Bia passou a mão pelo vestido. – Você tem que ir com ele! – ela falou pra mim
-É tafetá de seda, lindo, né?! – a Gabi pegou o vestido e me deu. –Fica um pouco apertado em mim, então deve ficar perfeito em você. Experimenta.  – ela sorriu animada.
- Tá. - entrei no banheiro e vesti o vestido.
Sai e dei uma volta... Elas me olharam de uma maneira estranha, talvez fascinadas.
-Perfeita... – Bia sussurrou.
O vestido destacava meu busto, da minha cintura pra baixo era leve e solto tendo um caimento perfeito, tinha um grande corte em V nas costas, que me fez sentir um pouco incomodada.
-Posso usar? – eu perguntei a Gabi
-Se eu dissesse que não, seria um crime. – ela riu. – Claro que sim. Mas se você faz questão eu gostaria de usar uma vez aquela sua blusa maravilhosa verde, sabe? – ela me perguntou, eu já sabia que blusa ela estava falando, eu concordei com a cabeça e a abracei.
Tirei o vestido e vesti minhas roupas...
O - deixei na minha cama, com uma sandália preta de tiras com strass e desci com as meninas para ver qual seria o roteiro de hoje.
O pessoal estava me parecendo mais cansado que o normal, talvez fosse ressaca.
-Sua cara é a melhor daqui. – Marília me analisava, seus olhos semi-abertos com grandes manchas roxas embaixo de seus olhos azuis, eu ri e me sentei.
- Vocês se divertiram bastante ontem? – analisei cada rosto da mesa.
-Muito! – Gabi disse depois de um longo bocejo.
Depois que eles tomaram café, perguntei aonde iríamos, mas a maioria estava cansado e quiseram ficar no hotel, apenas eu, a Bia, a Fernanda e o Lucas saímos.
Eles queriam ir a uma cafeteria próxima muito famosa, tinha mais de 30 tipos de café e uns com lindos desenhos feitos com a espuma dos cappuccinos, tirei umas fotos dos desenhos, do lugar que era muito grande e moderno... Mas não quis tomar, detesto café.
No dia que eu experimentei na casa de meu avô Charlie, tinha cinco anos, minha mãe disse que fiquei super ativa naquele dia, eu nem percebi.
Depois da cafeteria, fomos a uma grande praça e ficamos posando ao lado de esculturas engraçadas, também vimos estatuas vivas e tentamos imitá-las, apenas eu consegui ficar parada sem me mover um centímetro por 1 minuto, foi quando lembrei do Mike, da festa, eu me animei e torci para que já fosse hora de voltar pro hotel.
-Que horas são? – eu perguntei ansiosa, não queria olhar no meu celular.
- Quase sete, por quê? – Lucas me respondeu.
-Vamos! Vamos voltar! – a Bia disse empolgada- Que horas ele vai vir?
-Ás nove. – eu dei um grande sorriso.
-Temos que voltar? – Fernanda perguntou desapontada.
- Não, se quiserem ficar, fiquem, só eu vou voltar...
A Bia pegou a minha mão.
-Não se esqueça de mim!
Eles concordaram e continuaram sem nós.
Quando cheguei ao quarto, o vestido e a sandália estavam exatamente onde tinha deixado, a Bia já foi tirando o meu estojo de maquiagem e o dela das bolsas e arrumando ordenadamente as coisas em cima da penteadeira, depois me empurrou apressadamente ao banheiro e deu o vestido.
Quando sai, ela tinha desligado o celular.
-O que foi? – eu me sentei na cama e comecei a amarrar o sapato.
-Eu liguei pra Alice, precisava de umas instruções para te arrumar. Seria muito melhor se ela estivesse aqui, mas... – ela deu um suspiro rápido – Então pedi ajuda. – ela sorriu, eu fiquei pasma.
- O que você falou pra ela?
-Calma, não falei nada sobre ir a uma festa cheia de vampiros. - ela revirou os olhos - Apenas que ia a uma festa... – ela deu de ombros e me entregou um par de brincos de lua minguante prata.
-Ah, bom... – eu me acalmei.
-Alice pediu varias fotos de como você vai ficar. – ela colocou a minha câmera no meu lado.
Ela prendeu meu cabelo pra trás para me maquiar, eu geralmente me maquio, mas tenho certeza que as dicas da Alice á Bianca eram melhores que as minhas idéias de uma sombra branca e um gloss.
-Acabei! – ela disse depois de dez minutos.
Eu me olhei no espelho, sombra preta, branca e azul em perfeita sintonia, um blush leve, um gloss e um rimel destacando meus densos cílios, uma perfeita maquiagem noturna.
-Muito obrigada, adorei. – eu agradeci.
-E o cabelo? – ela desprendeu minha franja.
-Ah, tava pensando em deixá-lo solto – eu passei os dedos no cabelo, desfazendo alguns nós – Assim! – e mostrei o resultado, natural.
-Hum... pera. – ela mexeu nas suas coisas de cabelo. – Aqui! – e pegou umas mechas da parte da frente do meu cabelo e prendeu com delicados prendedores para trás. – Agora ta perfeita!- ela se afastou, para me olhar - Mais perfeita... – acrescentou
Ela pegou minha câmera e tirou varias fotos.
– Alice vai amar! – Bia disse depois de mais ou menos 20 fotos
-Já acabou o book? – eu brinquei e olhei no relógio era 15 pras 9:00.
- Vai esperá-lo lá em baixo?
-Acho que sim... – peguei minha bolsa-carteira preta, presente de Rosálie e desci para a recepção com a Bia, torcendo para que nenhum dos monitores me visse saindo, felizmente nós conseguimos passar despercebidas. E ficamos esperando na frente do hotel.
- Reh, não se preocupe, pode ficar lá até de manhã se quiser, não precisa ser Cinderela essa noite. – ela riu
-Ok, mas por quê? – eu a encarei – Você não vai fazer alguma coisa, vai? – ela me olhou travessa.
-Pode ser... Apenas não se preocupe com o horário, os monitores não vão notar que você saiu, eu cuido disso! – ela piscou

“Uma magia é bom de vez em quando...” – pensou

Eu ri discretamente, foi quando um fusion preto parou a nossa frente, a Bia arregalou os olhos fascinada, o vidro do motorista baixou e o Mike sorriu brilhantemente pra mim.
-Vamos!– ele me chamou
-Não sei o que é mais lindo, o carro ou o dono dele... – a Bia cochichou pra mim, ele ouviu e riu.
-Bia, até logo! – dei um beijo nela e entrei no carro.
-Me conta TUDO, depois! – ela acenou enquanto íamos embora.
O interior do caro era estofado e confortável, estava frio, mas logo a temperatura foi ameninando – meu corpo se adaptando.
-Está muito frio? – ele me perguntou, indo desligar o ar.
-Não, está ótimo! – eu sorri e olhei pra ele, foi quando notei o que ele vestia.
Um blazer preto, uma camisa social azul claro por baixo e uma calça jeans escura, elegante e charmoso como sempre, ele olhou pra mim e parou por um instante no vestido.
- Minha amiga que emprestou... Muito chamativo?
Ele engoliu seco.
-Não, é muito... Bonito. – ele voltou a olhar pra frente.

“Como é possível? Cada vez que á vejo está mais linda...” – ele pensou e me olhou rapidamente.

Eu fiquei olhando pra janela, mas pude perceber pela minha visão periférica que ele me olhava pelo canto do olho, eu ri silenciosamente.
Depois de 20 minutos, chegamos ao apartamento, tinha quatro carros na frente e provavelmente mais alguns na garagem.
Ele entrou, estacionou o carro, saiu e abriu a porta pra mim oferecendo sua mão á mim.
Eu a peguei e sai do carro.
-Obrigada. – eu estava meio nervosa – Estou bem? – eu perguntei agora de pé.
-Deslumbrante. – ele beijou delicadamente minha mão, eu sorri constrangida.
Nós subimos até seu apartamento, ouvi uma musica meio pop vindo de lá e muitas vozes.
Ele abriu a porta, eu entrei apreensiva.
Tinha uma bela decoração em vermelho e preto, achei um pouco sombria, mas já era de se esperar.
Analisei as pessoas, os vampiros na casa, mulheres lindíssimas e homens bem elegantes, todos mais ou menos em uma idade jovem de 20 á 35 anos.
Quando ele fechou a porta atrás de mim uma brisa entrou no apartamento, passando por mim, fazendo uns 20 pares de olhos vermelhos me fitaram, uns se afastaram, outros se agacharam se defendendo, outros desconfiados.
Mike se pôs a minha frente, eu segurei seu braço para que ele não avançasse em ninguém e em menos de um segundo Joseph apareceu e sorriu fazendo sinal para que seus convidados se acalmassem.
Eu tentei não notar no cheiro dos vampiros e me concentrar no do Mike á minha frente.
-Joseph... – Mike o - repreendeu entre os dentes.
Joseph continuou sorrindo e olhou para cada rosto pálido da sala.
- Ela é minha convidada e do Henry. Se comportem! Vocês não iram fazer mau á ela e ela não nos fará mau, espero... – ele riu.
Eles continuaram a me encarar, Joseph e Mike deram mais uns olhares repreensivos e o clima pouco a pouco voltava ao normal e os sussurros voltaram ao ambiente.
-Se achar melhor eu ir embora, não tem problema. – falei ao Mike
-Não! Nada disso. Eles nem vão te notar aqui, a maioria é muito egocêntrico.-

 “Apesar de você ser nem um pouco difícil se não se notar.

- Eles já me notaram – argumentei
-Ah, não se preocupe... Vamos procurar a Anne, sinto o cheiro dela por perto. – e pegou minha mão.
-Boa noite, Renesmee. – Joseph se aproximou, Mike soltou minha mão
-Olá Joseph, á decoração está linda. - elogiei
-Ah, tudo obra da Anne, não faria nada sem aquela garota...
- Sabe onde ela está? – Mike pegou novamente minha mão.
-Hum... Talvez na sala de jantar preparando...– ele parou e olhou pra mim receoso. – Veja se ela esta lá, Henryzinho, vou cumprimentar uns amigos e depois vou para lá. –ele sorriu e se afastou.
Ele me conduziu ate a sala de jantar, reparei que o meu vestido comparado aos das vampiras daqui, era comportado, uma usava um vestido vermelho com um decote em V que se seguia até o umbigo, outra usava um que deixava suas pernas e barriga totalmente á mostra.
O Mike conforme íamos passando cumprimentava alguns convidados, a maioria me olhava assustado, eu sorria simpaticamente apesar do receio, vários cochichos e comentários a cada vampiro que passava, até finalmente ele encontrar a Anne, que realmente estava na sala de jantar.
Ela sorriu quando viu o Mike e foi abraçá-lo, ela era um pouco mais alta que eu, magra, seu cabelo era castanho claro e estava preso em um sofisticado coque com umas mechas soltas emoldurando seu rosto delicado e fino, tinha grandes e expressivos olhos vermelhos que destacavam seu rosto pálido. Ela olhou para mim surpresa.
-Oh, nossa o Joseph falou que você era bonita, mas você é deslumbrante. –eu sorri.
-Obrigada. – agradeci e percebi que ela usava um vestido cinza brilhante estilo “sereia”, todo colado ao corpo, contornando suas perfeitas curvas e do joelho para abaixo era volumoso.
-Você é muito linda, também. –  a elogiei
Ela se aproximou e me deu dois beijos, um em cada lado do rosto. 
Percebi que mais um coração batia naquela sala, olhei atrás dela e vi o corpo de um homem de mais ou menos 30 anos com roupas desgastadas, em uma mesa de titânio, ele ainda estava respirando e seu coração batia regularmente.
Eu me afastei dela e me aproximei do corpo.
-Ele está bem? – perguntei ao Mike, que se aproximou lentamente.
-Está. Ele esta inconsciente, na verdade. – ele olhou pra Anne.
-Eu sei que seu habito alimentar é diferente do nosso... Sinto você ver uma cena dessas, mas é assim que nós somos. – ela parecia se desculpar.
-Tudo bem... – lamentei
-Mas eles não sentem nada, é indolor. - Joseph entrou na sala de jantar e se colocou ao lado do corpo, que estaria condenado a morte.
Eu ia contestar, mas lembrei que seria em vão, olhei mais uma vez para a bela mulher de rosto delicado e simpático que poderia ser perigosa e mortal.
Começou a entrar mais vampiros no cômodo e o Mike me levou para fora, mas antes que ele pudesse fechar a porta senti o forte cheiro de sangue humano, ao mesmo tempo em que minha garganta ardeu, senti repulsa.
Não demorou muito para aquele coração parar de bater, agora era apenas o meu...



“Algumas vezes o esperado simplesmente perde importância comparado ao inesperado”


Não deixe de comentar, prox. cap. mais sobre a história do Mike e Meredith.

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