4 de outubro de 2010

12. SOZINHA?




Alice quis deixar seu carro comigo, eu aceitei de bom grado, não sei como ela conseguiu minha carteira de motorista, mas não fiz questão de perguntar, ela também me deu um novo RG.
Essa semana estava tão ansiosa e empolgada que nem á vi passar, hoje é sexta, amanhã Alice voltará para casa...
Minhas aulas começam segunda e amanhã logo depois que Alice for embora irei visitar o novo lugar que iria morar.
Minha tia estava na recepção acertando as coisas para á compra do apartamento, eu estava arrumando sua terceira mala...
Eu senti uma onda súbita de medo, que me deu calafrio...
Amanhã eu estarei sozinha, realmente sozinha...
Me sentei no chão apoiada na parede.
Sentia tanta falta de Jacob, seu corpo quente me protegendo, de meus pais, minha família.
Tentei imaginar os braços fortes e aconchegantes de Jacob ao meu redor mais não consegui, tentava sentir a presença de meus pais, mas nada.
Me encolhi, abraçada a minha pernas...
Eu nunca tinha pensando realmente no quanto eles me davam valor, eles tinham uma confiança em mim que talvez eu mesma não tivesse, eles já se sacrificaram tanto, isso me fez lembrar quando consegui ouvir meu pai pela primeira vez e pude descobrir que estava machucando minha amada mãe, aquele sentimento me deixou triste, mas então lembrei que mesmo naquelas circunstâncias ela me amou e ficou feliz por tão pouco, eu pude sentir seu amor e aquilo me trouxe a vida, literalmente. Quando percebi as lágrimas já haviam chegado até a minha boca...
Jake sempre me amando, mesmo quando eu não retribuía da mesma maneira, mesmo eu sentindo medo de seu amor, ele sempre esteve lá, me apoiando, me querendo. Sem contar com minha família e amigos, que morreriam por mim. Eu merecia tanto? Eu mereço tanto?
Por um instante essa minha “viagem” me parecia errada, sou tão sortuda, por que eu quero mais?
Eu não sei o que eles vêem em mim para me amar tanto, mas sei que os amo sem medidas... Morreria por todos eles.
Eles querem que eu siga essa viagem, eu quero seguir essa aventura e vou mostrar ao Jake, que é ele quem eu quero, é a ele que pertenço.
Mais lagrimas rolavam pelo meu rosto.
Senti Alice se aproximar, mas não quis me mover. Ela me abraçou, palavras não precisaram ser ditas naquele momento. Eu coloquei minha cabeça em seu colo, ela afastava meu cabelo do rosto.

“Eu posso ficar.” – ela pensou

Parecia que meus lábios estavam selados, minha língua com preguiça de se mover... Eu não disse nada, fechei os olhos tentando encontrar forças dentro de mim.

“Você é mais forte do que imagina, acredite em você!” – Alice acariciava meu braço.

“Obrigada.”- eu não sabia se tinha falado ou apenas pensado, mas não me importei, comecei a perder a consciência...
Dormir era o jeito mais rápido de passar o tempo.

Eu abri os olhos e passei a mão no rosto, minhas lágrimas ainda não
haviam secado totalmente...
Percebi que estava em minha cama, Alice deveria ter me colocado.
Passei a mão pelo pescoço e senti a fina corrente, tirei o colar do pescoço e peguei o medalhão redondo. Eu o abri e li lentamente á frase que estava gravada de um lado “mais do que minha própria vida.” em francês, olhei para a pequena foto do outro lado, que continha eu e meus pais, sorri involuntariamente. Era o colar que minha mãe tinha me dado quando era bebê, eu quase nunca o tirava do pescoço, era como se eu carregasse uma parte deles comigo, eu beijei a foto carinhosamente. Quando coloquei o colar de volta, minha pulseira balançou e eu fiquei observando o Sol e a Lua rodar pendurado em meu punho, alternando meu campo de visão com o R&J, apoiei meu braço na perna e peguei o pingente, passando o dedo por seus minúsculos contornos.
Eu os carregava, eles sempre estão comigo, mesmo eu não os vendo ou sentindo, eles nunca saíram do meu lado!
Abri um enorme sorriso e me levantei.
Tomei um banho, me arrumei e fui para sala onde já estavam às três malas de Alice na porta, ela estava no quarto, sentei na cadeira alta da cozinha e a esperei...
Ela vinha na minha direção com um pacote de presentes. Eu olhei estranhando e me concentrei.

“Nem adianta ler minha mente, você só vai saber quando abrir!” – ela pensou

Eu fiz careta...
-Você está melhor? – ela me perguntou preocupada.
-Sim... – eu a toquei e mostrei quando via meu colar e minha pulseira. – Eles sempre estão comigo. – eu sorri contente.
-Claro! E isso é pra você! – ela me entregou o pacote.
Tirei o papel rosa brilhante e peguei uma mochila, era preta com rosa, alguns detalhes roxos e com lindos contornos ao redor dela.
-É linda. – eu comentei.
- Você ainda não tinha mochila, então... Mas abra. – ela me induziu
Eu abri e peguei um fichário, era vermelho, com desenhos pretos o contornando. Eu o - abri empolgada e na parte da dentro da capa estava escrito no canto de baixo “Presente de sua Tia Alice”
-Obrigada! – eu a abracei
-Você merece, agora sempre vai poder lembrar-se de mim! – ela inclinou a cabeça para o lado.
Eu toquei seu rosto e mostrei meus tios e meus avôs, eu também sempre me lembrarei deles.
-Por falar neles! – ela tirou de uma divisória uma foto em que estávamos todos, eu no colo de Jake, todos meus tios, meus avôs e meus pais. Era uma foto que tínhamos tirados no meu aniversário, um ano depois que todo aquele mal entendido tinha acontecido.
- Nossa... – eu sussurrei, nunca tinha visto aquela foto.
Passei a mão pela fotografia, contornado cada rosto que ali continha.
-Vou sentir sua falta... – eu falei enquanto passava a mão pelos curtos cabelos negros de Alice.
-Eu também. – ela me abraçou. – Agora vamos... Ah! Você dirigi. – ela me deu as chaves.
-Pode deixar! – eu sorri animada.

Deixar Alice era quase tão doloroso quanto a segurar aqui em São Paulo.
- Avise á todos que estarei bem... Peça desculpas ao meu pai, por deixá-lo preocupado, fala pro Jasper cuidar bem das emoções dele... – eu sorri envergonhada.
- Não sei preocupe, ele vai entender... - ela pegou minha mão – Qualquer coisa me liga, não importa o quanto banal seja o motivo. Se eu “ver” alguma coisa... Voltarei imediatamente. – ela me olhava seria
-Ok. – eu a abracei pela ultima vez – Estou morrendo de saudade de todos, dê um beijo em cada um por mim, diga ao Jake que eu... - ela me interrompeu
- Ele já sabe. – ela me deu um beijo no rosto, pegou sua mala de mão e foi até o avião
Eu apertei meus olhos para não chorar, eles arderam e uma lágrima andou pelo meu rosto, á enxuguei rapidamente, não era momento para tristeza e sim para felicidade.
Enquanto o avião dela saia do chão eu acenava, não sabendo se ela estava me vendo ou não.
Voltei para casa, respirei fundo e segui á pé até a republica.
Chamei o porteiro pelo interfone, ele me deixou subir, era no 3º andar, apartamento 26.
Aquela garota que eu tinha encontrado estava na porta do apartamento,
muito simpática como sempre.
-Olá de novo. – ela me cumprimentou com um beijo no rosto. - Você deu sorte, sabia?! Marina está aqui hoje, você pode ver a casa e falar com ela.
- Que ótimo.
Quando ela abriu a porta uma brisa nos atingiu, seu cheiro me era muito familiar, me lembrava petúnias e margaridas, ele era atraente, mas como eu estava satisfeita não senti vontade nenhuma de atacá-la. Quando passei pela porta senti seu cheiro novamente e me lembrei que petúnias e margaridas eram as flores que ficavam na frente de casa. Eu ri silenciosamente.
Observei o lugar, era simples, mas arrumadinho.
Tinha uma sala, uma cozinha, 3 quartos, 2 banheiros, uma varanda 2 vezes menor que a do meu apartamento, há vista não era tão privilegiada quanto á que eu conhecia, mas era boa.
-Oh, desculpe, nem disse meu nome! – ela colocou a mão em seu cabelo cacheado. - Me chamo Bianca.
-Eu também me esqueci, me chamo Renesmee. – ela me olhou um pouco surpresa
-Nome exótico... – ela deu um riso tímido – Você é americana? – meu sotaque era um pouco evidente
-Sim. – eu afirmei – Vim pra cá faz uns meses – eu menti
- Nossa! Que legal, sempre quis conhecer os Estados Unidos. - ela sorriu empolgada.
Ela pegou minha mão e me levou para um quarto.
-Esse é o meu quarto, se você morar conosco, vai ficar aqui também. – o cheiro dela estava impregnado no quarto, aquilo não era ruim, era reconfortante.
Depois ela me mostrou outro quarto...
-Esse é o quarto do Julio e do Bruno, eles não estão aqui. Foram andar de skate, sei lá aonde. – ela revirou os olhos, desinteressada.
No quarto senti cheiro de muito pó, alguma comida podre, roupa suja, fazendo com que o cheiro deles ficasse difícil de distinguir.
E ela me levou para mais um quarto...
-Esse é da Sophia e da Lucia! – ela entrou no quarto – Aqui são elas! - e me mostrou uma foto, onde tinha uma garota negra, com um lindo vestido verde e uma morena de olhos azuis, com um chamativo vestido preto.
O cheiro que estava naquele quarto era tão atraente quanto o de Bianca.
-Elas devem estar no shopping... - ela colocava o retrato no lugar- Vamos ver a Marina. - e me levou para a cozinha.
Marina era uma mulher de mais ou menos 37 anos, loira com olhos castanhos, seu cabelo ficava na altura dos ombros e usava uma roupa casual, ela sorriu quando me viu.
-Olá. – ela me cumprimentou. – A Bia já te mostrou a casa?
-Já sim, é muito bonita. – eu comentei
-Pena que os outros não estejam aqui! – disse Bianca, sentada em uma cadeira.
-É... Mas qual o seu nome mesmo? – perguntou Marina
-Renesmee... Renesmee Cullen. – eu á informei
-Ela é americana. – Bianca se intrometeu.
-Nossa, que interessante e porque você quer morar aqui, Renesmee? – era normal ela me fazer perguntas, isso me deu mais confiança ainda, pois se ela fazia o mesmo processo em todos os adolescentes que moravam ali, era porque ela não queria nenhum delinqüente.
- Eu morava com minha tia, mas ela foi embora e eu não queria morar sozinha. – eu falei tranquilamente
-Entendo e onde estão seus pais? – Marina continuou
- Estão nos EUA, vim aqui para... estudar. – era tecnicamente a verdade.
-Hum... Você fuma ou bebe?
-Não... – eu balancei a cabeça, se ela perguntasse se eu comia ou mordia teria que pensar um pouco, mas também diria que não.
- Ótimo... Aqui nós dividimos tudo: a conta de luz, de água, os alimentos são por minha conta, com o dinheiro mensal que eles me dão... Esse é o preço. – ela me mostrou um papel, com o preço - Algum problema?
-Não. – eu sorri contente.
-E quantos anos você tem? – eu quase falei 20, mas não bateria com meu RG.
-Dezoito. – eu falei confiante e mostrei meu RG.
-Outra coisa, seus pais mandam o dinheiro ou você se sustenta sozinha?
-Não, meus pais me deram uma quantia, mas se precisar de mais eles mandam ser problemas. – ela hesitou por um momento, eu olhei em seus olhos...

“Quanto será que eles dão pra ela? Mas se essa garota fosse rica, porque moraria em uma republica tão simples? “- quase que abro a boca para responder, mas me lembrei por pouco que deveria ser uma garota normal.

-Bem... Por mim está tudo bem... Quando você pretende vir para cá? – Marina se levantada da cadeira, me acompanhando até a sala.
- Por mim não tem problema, qualquer hora eu posso vir para cá.
- Se você quiser pode vir cá, agora! – Bianca me chamava
Eu olhei para Marina, ela confirmou com a cabeça sorrindo.
-Nós já temos uma cama, é só pegar suas coisas... – Marina me informava
-Verdade?! – eu não acreditava.
-Sim. – Bianca afirmou, não sei por que ela estava tão feliz quanto eu.
Me concentrei nela...

“Que lega, nem acredito que finalmente terei minha colega. E ela deve ser uma garota uma boa, sua aura é muito pura...” – ela pensou

Eu olhei pra ela desnorteada, o que ela quis dizer com aura? Aura pra mim é tipo o nosso espírito... Que estranho.
-Ok... Vou para casa arrumar minhas coisas. – eu me dirigi à porta
Bianca e Marina me acompanharam até a rua.
-Até logo! – Bianca disse
Eu voltei para o apartamento e entrei, estava vazia, mas o cheiro de Alice ainda estava por lá.
Fui até meu quarto e me joguei na cama, fiquei olhando por teto, pensando...
Como será que vai ser morar com eles? Adorei a Bianca, era uma garota muito legal e sem contar que seu cheiro que me faz lembrar de casa...
Eu peguei meu celular e vi que tinha uma mensagem da Alice:

Estou chegando em casa . Logo você terá que ligar pro seu pai!

Engoli seco, por um momento tinha me esqueci que teria de enfrentar meus pais.
Disquei um pouco tremula os números do celular de Edward.
Tocou uma vez.
-Renesmee? – sua voz era preocupante
-Pai... Eu posso – ele me interrompeu
-Eu disse é que perigoso! Porque você fez Alice voltar?
- Eu dou conta sozinha. – a palavra sozinha, não era bem apropriada sendo que estava preste a morar com vários humanos.
Ele bufou. Alice estava falando alguma coisa pra ele, mas não consegui ouvir.
- Sua tia quer falar com você! – deu um intervalo
- Como estão às coisas já fez o que ia fazer? – Alice me perguntou em código
-Já. Tia, você não sabe, hoje mesmo eu já vou pra lá.
“O QUE??” – Edward falou ao fundo.
Eu fechei os olhos e coloquei a mão na testa. E agora? Meu pai sabia...
- Você vai morar em uma republica? – ele tinha pego o celular da mão de Alice.
- Tia, fala pro Jasper acalma meu pai! – eu falei, pois sabia que ela estaria me ouvindo
- Eu estou calmo, apenas preocupado.
- Mas o tio Jasper não falou que estava tudo bem aqui?!
-Falou, mas... mas... – a voz de Edward falhava. Ele não tinha o que fazer.
- Pai... – eu sussurrei.
-Sim. – ele estava calmo.
-Apenas... Confie em mim.
-Eu confio, meu bem, só tenho medo que... algo aconteça e não estejamos aí.
-Nada vai me acontecer, não se esqueça de sua irmã super poderosa, aí. – eu ri
- Tudo bem... Foi uma coisa inconseqüente, mas... Tudo bem. – ele falava com autoridade
- Obrigada.
- Vou passar para sua mãe. – Edward deu o celular para Bella
-Querida! Que loucura você fez, hein! Nos deu um susto quando Alice voltou sozinha.- sua voz era como o badalar de sinos, perfeita.
- Desculpe... mas era o único jeito! – eu disse envergonhada.
-Eu entendo. – ela declarou
-Mãe, vou desligar. Te amo.
-Também te amo. Nós te amamos!
- Tchau.
Eu desliguei o telefone e por impulso disquei os números de Jake.
Suspirei e coloquei o telefone no ouvido.
- Nessie. – sua doce voz, chamando meu nome.
-Oi, Jake. – falar com ele só fazia minha saudade aumentar.
-Nossa, amor, que saudade! Quando você vem nos visitar?
- Ah, não sei provavelmente no meio do ano... – eu pensava
- Ai, vai demora! – ele disse decepcionado
-Mas... Te liguei para falar das novas. Eu vou morar em uma republica, não é legal? – eu informava meu melhor amigo.
- Republica?? Uma casa com vários adolescentes... Que moram juntos?
-É, são três garotas e dois garotos... É muito bonitinha a casa. – eu estava animada
Me levantei e comecei a arrumar minha mala pela terceira vez no mês...
- Como estão as coisas aí, em La Push?
- Na verdade estou em Quilcene, agora. – ele respondeu – Seu pai quase teve um ataque quando Alice chegou e você não estava - ele riu - eu mesmo fiquei morrendo de medo.
-Vocês são muito bobos. – eu conversava com ele enquanto colocava minhas blusas na mala.
-Ah, é apenas preocupação, até Alice explicar tudo...
- Hum... Alice me ajudou muito aqui. – eu sorri
- Claro...
O telefone ficou mudo.
- Nessie, está legal aí? Por que aqui tá um saco sem você. – sua voz estava meio presunçosa
-Não muito, por isso vou morar em uma republica, para ver se me
animo. Ah, as aulas começam depois de amanhã...
- Deve estar nervosa, né!
- Muito... Amor, vou ter que desligar! – minhas malas estavam arrumadas eu estava na sala com tudo pronto.
-Tudo bem... Te amo! – ele disso por último
- Também! – e desliguei.
Peguei as malas e tranquei o apartamento.
Que seja a ultima vez que eu me mude!
Agora apenas quando eu voltar para casa...

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