4 de outubro de 2010

11º. MUDANÇA DE PLANOS


Já se passaram 10 dias desde que chegamos em São Paulo.
Fui ver á escola, tão legal quanto imaginava, eu e Alice compramos o uniforme, era branco e azul (não gostei muito da cor, mas fiz o possível para deixar personalizado).
Jasper está chegando, Alice está super ansiosa e inquieta - mais que o normal. A visita de meu tio será muito boa, pois ele vai poder “fiscalizar” as coisas aqui em São Paulo e contar á minha família, principalmente para meu pai, como estamos.
Eu e Jacob nos falamos mais ou menos a cada três dias pelo telefone ou pela internet. Billy está bem melhor, como diz Jacob: Charlie emprestou Sue para cuidar dele, às vezes me pergunto se meu avô e Sue tem alguma coisa...
Minhas aulas iram começar daqui á uma semana, estou muito ansiosa.
Pintei meu quarto de rosa e roxo escuro, Alice pintou o dela de laranja e vermelho, achei muito engraçado.
Estou sozinha em casa, Alice está no aeroporto esperando seu amor.
Na TV nada me interessa, me sinto um pouco entediada, pelo menos quando estava lá em Quilcene raramente ficava sem o que fazer, pois eu sempre estava brincando com Tio Emmet, cantava com Rose, inventava coisas na cozinha com minha avó Esme e minha mãe, estudava com Carlisle, tocava com meu pai, amava... Jacob. Que saudade!
Ouvi passos do lado de fora do apartamento, era Alice e Jasper.
- Oi! – Alice me complementou radiante
Me levantei e abracei meu tio, seu cheiro me fez se sentir em casa, quase. Olhei pra seu rosto, suas cicatrizes sempre muito evidentes, eu estou muito acostumado á elas e sempre digo que dão um charme á ele.
Mas ninguém entende.
-Como está, Nessie? – Jasper perguntou educadamente, seu rosto em um enorme sorriso. Alice era seu sol, sua alegria.
-Bem. – eu respondi empolgada.
-Vem. Vamos conhecer a casa. – Alice o puxava.
Ela o - levou para o interior do apartamento, mas logo voltou sozinha.
-Nessie, você poderia... – ela ficou em silêncio.
Eu olhei em seus grandes e graciosos olhos dourados.

“Eu e Jasper gostaríamos de ficar um tempo -” – ela interrompeu – “ Faz tempo que... “ interrompeu de novo.
Eu ri.
- Claro... Vou dar uma volta. Ah! Não se esqueça de pensar sobre... aquele assunto. – eu á lembrei
Ela ficou um tempo parada, seus olhos opacos e depois atravessou a sala em meio segundo.
- Depois agente conversa! – ela piscou
Eu sorri, peguei meu mp3 em cima da mesa e sai.
Fiquei andando pela rua, estava anoitecendo e as luzes da rua começavam a acender.
Parei para olhar um grupo de adolescentes saindo de um apartamento, talvez eles morassem lá.
Me pareceu uma republica... Me aproximei de uma garota, de cabelos castanhos, com vários cachos emoldurando seu rosto e destacando seus grandes olhos castanhos, quase mel, sua pele era um pouco morena, uma garota realmente bonita.
-Com licença, isto aqui – eu apontei para o prédio – é uma república?
-Sim. – ela me respondeu educadamente – Nós viemos de longe, a maioria aqui – ela apontou para o grupo, que se afastava – é da capital.
-Nossa, que legal! E o que eu posso fazer pra morar junto? – ela me olhou um pouco assustada.
- Bem... É só falar com a Marina, ela é a dona do apartamento. – ela me pareceu simpática
- Hum... Como eu falo com ela? – eu estava curiosa
-Bem... Me fala um dia que agente marca, aí você vê como é o apartamento e fala com ela. – ela me propôs.
-Não. Não... Eu estou apenas me informando. Muito obrigada! – eu acenei
-Te vejo por aí. – ela acenou e correu para o seu grupo de amigos.
Continuei andando... Se minha tia vai realmente embora, morar sozinha no apartamento iria ser muito... solitário?
Certo que eu falei varias e varias vezes que iria morar sozinha, mas eu sempre vivi, convivi com varias pessoas.
Minha família é grande, nunca – quase nunca – fiquei sozinha em casa. Mas morar em uma republica pode ser muito perigoso, eu poderia perder o controle e... Eu seria capaz de perder o controle? Eu nunca quis morder ninguém inconseqüentemente, pelo menos nunca encontrei alguém que me fizesse perder o controle.
Morar com vampiros é uma coisa, mas conviver com humanos, é muito diferente.
Voltei pra o apartamento de manhã, torcendo para que meus tios já tenham acabado sua “conversa”...
Entrei em casa e por minha surpresa eles estavam no sofá realmente conversando e rindo.
-Bom dia! – eu me anunciei.
-Oi, Nessie! – Alice correu, quase flutuou para minha frente. – Me desculpe por você ter passado a noite fora, é que... – eu a interrompi
-Ah. Foi nada! Eu gosto de fazer vocês felizes! – eu sorri
Ela me abraçou. Eu continuei...
-E por falar em felicidade... Qual foi a sua conclusão, Alice? Você vai embora? – nós sentamos no sofá, Jasper voltou novamente com os braços ao redor de sua amada.
-Bem... Eu conversei com o Jasper – ela olhou para ele – e achamos melhor esperar começarem suas aulas. – ela me olhou esperando minha reação
-Elas começaram semana que vem, não é? – Jasper perguntou
-Sim. - eu confirmei
Mordi o lábio, um pouco em duvida, meio chateada.
Talvez essa semana me sirva para procurar outro lugar para morar, eu realmente gosto, apesar do receio, em morar em uma republica, morar com outras pessoas da minha idade, mas... se Alice souber, me pai saberá, não que Alice conte para ele, mas á seus pensamentos é muito difícil esconder.
Talvez eu possa manter em segredo e quando Alice já estiver em Quilcene, eu conto pra ela e pro resto dá família. Será que isso é errado?
Talvez eu possa arriscar e minha tia possa até me ajudar, mas será que ela vai deixar, vai me apoiar? Não importa! Não posso esconder isso dela, nem da minha família. Apenas vou esperar tio Jazz ir embora.
-Nessie? Nessie? – Alice me cutucava. - Acorda... – ela riu
-Hã? – eu estava aérea – Ah, desculpa, me perdi nos pensamentos... Mas então, você prefere ir embora daqui á uma semana? Por mim tudo ótimo, mas e meu pai?
Jasper me olhava firme, talvez estivesse sentindo meu nervosismo.
-Jasper não vai falar nada e vai tentar não pensar nisso perto de seu pai... Pode ficar tranqüila, eu já vi que vai correr tudo bem! – ela me tranqüilizou ou meu tio estava me acalmando.
- Ok... – eu sorri aliviada
Apesar das milhares de vezes que eu olhava para o casal (Alice e Jasper) e pensava em como estava só, o dia foi tranqüilo.
Eu e Alice acompanhamos meu tio até o aeroporto, achei muito curta sua estadia aqui conosco, mas não reclamei, pois estava ansiosa de mais para conversar com Alice, em saber sua opinião.
Quando Jasper foi embora, passei a noite pensando nas varias maneiras de falar com ela, talvez ela mesma já tenha visto que eu iria falar com ela... Não! Não posso pensar assim.
Amanhã iremos caçar, isso me faz relaxar um pouco e eu posso aproveitar para falar com ela no momento em que estamos mais à-vontade, porém é o momento em que estamos mais atentas – com os instintos á flor da pele.
Quando abri lentamente meus olhos, incomodada pela luz do quarto, percebi eu tinha dormido. Alice bateu na minha porta, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela já tinha entrado.
- Pronta? – ela me perguntou mesmo vendo meu estado meramente degradável
-Espera só eu perceber que estou acordada... – eu a informei ironicamente
-Vamos... Nessie, você estava tão animada quanto eu para caçar nas fazendas!
- Mas não deveríamos caçar a noite? – eu á encarei confusa
-Há... Detalhes. - ela revirou os olhos - Caçar de manhã e a noite são quase o mesmo... Mas pensei que você gostasse do perigo... – ela me testou – Alguns humanos podem estar acordados, poucos, mais deve haver alguns e desviar de seus olhares lerdos e fracos, seria interessante...
-Tudo bem, Alice. Só vou por outra roupa. – ela saiu do quarto dançando.
Dormir com o Jacob me deixa tão vitalizada, agora estou um pouco desanimada. Ainda bem que tenho Alice para me animar, mas quando ela for embora...
Jake queria isso! Ele me incentivou, não posso ficar deprimida. Eu balancei a cabeça e me sacudi. Pronto.
Coloquei as minhas roupas mais relaxadas e sai com Alice, sem seu civic, para uma fazenda.
Apesar de estarmos conversando pelo caminho, eu abri a boca poucas vezes, porém Alice não parava de tagarelar.
Pulamos facilmente o cercado e corremos pela vasta pastagem... vi três cavalos a 50 metros de nós. Pude sentir o cheiro do animal tão bem quanto sentia o de um humano próximo, talvez á 40 metros. O cheiro do humano era muito mais atraente do que do animal, aquilo queimava minha garganta, minha boca estava formigando, senti uma coisa pesada no estomago, á vontade de atacar qualquer coisa que estivesse na minha frente, aumentava. Eu estava sem o Jacob para me acalmar, sem meus pais... Eu teria que me acostumar e me concentrar no que é correto.
Ficamos atrás de uma casa feita de madeira, mal acabada.
-Eu pego o branco.– ela sussurrava longe de mim.
-Eu o marrom. – eu a informava.
Ela assentiu com a cabeça...
Aproveitei que o humano estava de costas para atravessar o campo, agarrei o cavalo e o levei para longe dali, foi realmente engraçado enganar aquele fazendeiro.
Fui o mais adentro da floresta possível, o animal relinchava embaixo de meu braço, vire-me para ele e cravei meus dentes em seu dorso, fechei os olhos pela nostalgia, aquele meu alimento preferido, que me tornava mais viva – ou morta - descia pela minha garganta, me animando e me aquecendo. Passei a mão pelo animal à beira da morte, sentindo seus pequenos pelos pinicarem minha pele sensível. Cravei novamente meus dentes dessa vez mais fundo, para finalmente o animal parar de sofrer e para não ouvir mais seus grunhidos, fechei os olhos um pouco culpada, esse sentimento de culpa, de vez em quando me vinha, pois eu estava matando uma coisa... viva.
Existia uma diferença entre matar humanos e animais, mais não era tão grande quanto minha família imagina.
Mas eu sou assim, faz parte de mim e não é tão diferente dos humanos que matam o animal, para aproveitar sua carne...
Limpei minha boca com as costas das mãos e olhei para o animal sem vida no chão com duas mordidas ao longo de seu corpo, não poderia deixar ele ali, largado na floresta para alguém achar, teria que destrocá-lo.
Era particularmente nojento, mas suportável, depois enterrei para ninguém achar os destroços. Nós sempre temos que ser muito cuidadosos.
Alice estava se aproximando de mim, provavelmente tinha feito o mesmo processo para não deixar rastros de nossa caça.
Ela suspirou tranqüila ao meu lado, deu um salto e se sentou num galho de árvore. Eu á segui e sentei ao seu lado. Era hora de conversar...
-Alice! – meu tom de voz estava um pouco alto – Preciso te contar uma coisa.
- O quê? – ela me olhou curiosa, fiquei aliviada por ela não ter “visto” nada
- Quando você for embora, bem... eu vou me sentir muito sozinha no apartamento... – eu respirei lentamente – e... estava pensando, se poderia morar com outras pessoas? – eu não quis olhar para ela com medo de sua expressão.
-Como assim?
-Queria morar em uma republica... O que você acha?
Ela piscou duas vezes e franziu o cenho pensando.
- Eu... Eu não sei... Acho que é muito perigoso. – me pareceu que ela estava perguntando para mim.
- Ah. Pra mim não é nada perigoso... Se eu bater o carro, nada acontece. Se eu pular de pára-quedas e o pára-quedas não abrir, nada acontece, se um bando de caras me encurralarem num beco, bom... ai já acontece alguma coisa, mas com eles. – não consegui seguram uma risadinha, em pensar num bando de grandalhões, mancando machucados...
Alice revirou os olhos, pela minha ironia. Continuei...
-Mas realmente... – eu travei por um segundo – eu tenho medo de machucar alguém, quero dizer, machucar um de meus colegas... Isso pode acontecer?
- Não posso ver, não agora. Mas se você tem medo, não vá! – ela balançou as mãos no ar
- Eu vim aqui para aproveitar e sentir coisas novas, eu... tenho que arriscar. – Alice pegou minha mão.
-Eu confio em você. – ela sorriu
-Muito obrigada, tia. – eu a abracei.
-Mas... Aonde você pretende morar? – ela torceu a boca, tentando imaginar.
-Eu acho que já sei onde... – aquele apartamento, com aquela simpática garota me parecia propicio.
Alice deu os ombros.
- Estou pensando em comprar o apartamento... O que acha? – nos descemos da árvore
- Acho bom... Assim sempre que quisermos podemos vir pra cá. – eu falei animada. Ela acenou com a cabeça.
Como eu pude desconfiar da minha tia, ela sempre me apóia, ela me ama...


“Você ganha força, coragem e confiança através de cada experiência em que você realmente para e encara o medo de frente."

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