4 de outubro de 2010

10º. O APARTAMENTO


Peguei meu celular para ligar para nossa família, eles deveriam estar um pouco bravos, por três dias sem noticias... E a emoção de ouvir a voz rouca de meu Jacob, enchia meu coração.
Mas primeiro liguei para o celular de meu pai.
-Nessie? - a voz de meu pai um pouco preocupada.
-Oi, pai! – eu disse animada
-Você e sua tia não ligaram quando chegaram. O que aconteceu? – um tom de censura.
Pude ouvir minha mãe no fundo “Deixa eu falar com ela, deixa!” , ele abafou o telefone “Só um minuto, amor, já passo.”
- Ah, nada. É que agente se divertiu muito esses dias e decidimos ligar quando estivéssemos indo para o apartamento. – eu expliquei.
-Hum... Tudo bem com você, então? – ele se acalmou
-Estou super bem, aqui é muito legal e bonito, apesar do tempo não ter ajudado muito. E sem contar com a saudade que aumenta de vocês. – Alice tinha encostado o carro e pegado seu celular.
-Vai ligar pro Tio Jazz? – eu perguntei
-Sim! – ela respondeu contente.
Voltei minhas atenções para o celular.
-Ah. Estamos com saudades também. E o pior que é só o começo... Sua mãe quer falar com você. Te amo, querida.
-Também te amo, pai.
O telefone não ficou mudo por meio segundo...
-Oi, querida! – minha mãe falava eufórica
-Oi, mãe, como estão às coisas?
-Tudo normal, como sempre... E seu tio Jasper mais sozinho que nunca, mas sempre tentamos animar ele, com “Alice já vem” ou “Vai ser rápido!” – ela deu um riso baixo, eu suspirei.
- Alice está falando com ele nesse momento. – eu olhei para Alice ao meu lado “Está tudo ótimo, logo você tem que vir nos visitar, amor, vem logo!“
-Hum... E seu cachorrinho está mais manhoso que nunca.
-Jake está bem? – eu perguntei, estava louca pra ligar pra ele. – Onde ele está?
- Está em La Push, Billy não anda muito bem e como você não está aqui, ele prefere ficar por lá. – sua voz ficou um pouco rouca.
-Ah, Ok! Mãe, vou desligar, manda um beijão pra todo mundo ai!
-Pode deixar, se cuida! Nós te amamos...
-Também amo muito vocês, pode deixar que me cuido e cuido da tia Alice também. – ouvi uma risada no fundo
E desliguei o telefone.
-Vamos. – Alice estava ligando o carro.
Eu acenei com a cabeça. Disquei os números que estavam travados na minha memória, tanto quando meu nome.
-Jacob? – eu perguntei ao telefone mudo
-Nessie, é você? – sua voz me inundou, me aconchegando.
-Como é bom ouvir sua voz... – eu suspirei.
-A sua também, amor! Como você está? – ele estava andando
-Estou ótima, mas... Bella disse que Billy está mal. O que houve? – eu fiquei preocupada, Billy era muito legal comigo, me tratava como filha.
- Ele está doente, seu coração está velho, né! – eu não gostei do tom de sarcástico na voz de Jake.
-Não fale assim do seu pai, Jacob! – eu o censurei.
-Desculpe, mas eu tenho que me acostumar. Billy não vai estar aqui pra sempre, mas eu estarei, tenho que me acostumar com as pessoas indo e eu... ficando. – ele estava triste, sua voz falhando.
-Eu te causo dor... – sussurrei.
-Não! – ele aumentou o tom de voz. – Eu sempre estarei com você, não se culpe por isso. É normal, é uma coisa humana, os pais morrerem antes dos filhos. Pelo amor de Deus, Nessie! Não tem sentido você se culpar. – parecia que ele estava brigando comigo. E estava.
-Credo, Jake, ninguém falou que seu pai ia morrer! – eu protestei
-Foi só modo de falar. – ele se desculpou
- Eu estou falando por você estar comigo, você não irá envelhecer. E... – ele me interrompeu
-E mais nada, isso é assunto meu. A morte é algo que não me assusta mais.
O que me assusta é ficar longe de... você – ele se acalmou.
- Tudo bem... – dei um tempo – Nossos assuntos não são mais os de antes, né?! Lembra quando agente brigava por qualquer coisa? – eu ri de leve
Ele deu uma gargalhada rápida, do jeito que eu gosto, sem preocupação.
-Lembra daquela vez que você me chamou de criança?
-Você ainda é uma criança... – eu caçoei.
- Sempre seremos... Sempre seremos os mesmos. – sua voz me parecia calma.
-Seremos. – eu concordei.
Olhei para fora da janela e vi que estávamos perto, tinha muito verde ao redor.
Campinas não foi escolhida apenas por ser perto da escola, mas também é um lugar estratégico, pois próximo dali á uma densa floresta e varias fazendas. Estava empolgava em caçar na fazenda, deve ser muito divertido...
- Estamos chegando no apartamento... – eu informei á ele
- Que legal... – Jake disse animado.
“Quem é?” ouvi uma voz de mulher no fundo, Leah.
“Nessie” Jacob respondeu.
- Amor... Vou ter que desligar. Meu pai chegou do hospital, Carlisle fez questão de atendê-lo.
- Imaginava, Carlisle é muito bondoso. E... Ok. Mande um beijo pro Seth, pra Leah, - minha voz falhou no nome dela - pra Sue e pro vovô se estiverem aí. Melhoras pro Billy.
- Claro... Até mais minha morceguinha! – ele disse brincalhão
-Ate mais meu cachorro! Te amo.
-Te amo... – ele sussurrou e desligou.
-O apartamento é logo, ali! – Alice apontou
Era um imenso prédio, com grandes janelas azuis e pretas.
Alice anunciou ao porteiro e entrou com o carro. A garagem era gigante, vários carros de todos os modelos, mas uma coisa prevalecia: todos me pareciam caros.
Logo o porteiro apareceu para nos ajudar com as malas e nos levar até o apartamento. O interior do elevador era todo dourado e com uma musica lenta de fundo. O nosso apartamento ficava no 5º andar.
O elevador se abriu e o porteiro deu a chave a Alice.
- Aproveite, é um belo apartamento. – ele nos cumprimentou
-Obrigada. – nós respondemos.
-Qualquer duvida estarei na recepção. Até. – ele se dirigiu ao elevador.
Alice abriu a porta. Apartamento A10. O interior exatamente do jeito que tínhamos visto no site.
Me lembrava o hotel que estávamos, mais muito mais brilhante e sofisticado, com balcões de vidro, 2 sofás, uma cadeira redonda forrada por couro preto, um grande lustre com 6 camadas de bijus, uma mesa de jantar de vidro, ao fundo uma grande cortina bege clara, fui até lá e as afastei, abrindo a porta-janela que dava a varanda.
Uma vista linda, com muito verde, dava para ver as montanhas da floresta próxima. Alice ao meu lado, tão feliz quanto eu.
- Queria que nossa família estivesse aqui pra ver! – ela disse
-Eles viram. – eu passei meu braço por sua fina cintura. – Vamos olhar o closet! – eu disse animada, ela abriu um enorme sorriso.
Passamos por uma sala de TV; tinha um sofá preto com varias almofadas de oncinhas de frente para uma grande TV.
Seguimos por um corredorzinho e entramos no primeiro quarto. As paredes eram brancas e o teto bege, uma TV, uma escultura de metal fundido, a porta do closet era uma porta-de-correr espelhada. O closet tinha uma cortina branca no fundo, um pequeno armário no meio e um armário embutido na parede, o chão tinha um carpete roxo escuro e uma porta que dava para o banheiro que era de mármore, acima da pia tinha um enorme espelho, o banheiro era todo dourado.
Alice me puxou para a cozinha, a decoração era preta, tinha uma TV na parede, com uma mesinha de vidro e duas cadeiras altas forradas por um tecido branco com estampas pretas. Muito bem iluminado e moderno. Fomos ver o outro quarto que era bem parecido com o outro, mais o carpete do closet era branco, Alice preferiu ficar com aquele e eu fiquei com o primeiro.
Estávamos na varanda, sentadas na sacada, nossos pés balançando pelo vento.
-Alice, quando o tio Jazz vir pra cá você não acha melhor... Voltar junto com ele? – eu precisava convencer Alice á voltar.
Alice não me olhou, ficou cinco segundos olhando para o horizonte.
-Juro que vou pensar. – ela acariciou meu rosto – Se eu voltar agora, seu pai vai ficar muito... preocupado. Mas se eu... – ela fechou os olhos por um momento – for mais tarde, talvez depois da visita de Jasper, ele não ficará tão tenso. – ao mesmo tempo em que ela falava com um tom de seriedade, percebi que ela também achava a preocupação de meu pai... imprópria.
-Eu espero. – dei um sorriso torto.

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